segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Onírico.


O pintor Salvador Dalí se induzia a ter alucinações ao se privar de sono por longos períodos. Na foto: escultura em Londres baseada no quadro A Persistência da Memória.

Acordado?
Como posso estar acordado se estou sonhando?
Algumas sensações são tão reais.
Não consigo separar o etéreo do material.
Estar presente
Não estar presente.
Os olhos se abrem e se fecham, as vozes vêm e seguem se completando no vácuo da mente semi-desperta.
Não há fome nem frio.
Sensação de flutuar na agradável água ao sabor da maré.
Tento retomar a consciência, mas os pensamentos se esvaem como que atraídos por alguma gravidade.
Ouço meu nome, estou sonhando?
Novamente o timbre familiar vem ao meu encontro atraindo meus sentidos direcionando meus tímpanos como um imã.
A água em que flutuava de repente se agita, a maré esta mudando, sinto frio e sensação de afogamento.
Abro os olhos e me deparo com a realidade.
Meus pêlos se arrepiam e penso na apnéia que mergulharei nas próximas horas...dias...até que a liberdade chegue novamente em forma de fim de semana.
Sendo assim, é chegado o momento de emergir no que chamamos de trabalho...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Entropia Mental

Vejo você pensativa ou usando palavras ofensivas como uma espada perfurante.
Esgrima verbal?
Talvez você não saiba a dimensão do uso de cada junção de sílabas que salta de seus lábios sem pensar.
E me pergunto.
Com quem você esta falando?

Percebo seu ar triste a cada dia mais consistente.
Sentimentos quase tangíveis nas expressões desenhadas em seu rosto.
Sua atenção esta voltada para uma falsa e forçada concentração.
E me pergunto.
Com quem você esta falando?

Quando para e cruza os braços, seus olhos não conseguem esconder o que se passa em seu coração pesado.
O sorriso sem brilho é esboçado, mas nem de longe é aquele que conheço.
Sua maquiagem borrada torna perceptível o choro recente.
E me pergunto.
Com quem você esta falando?

A comida remexida no prato, o pouco que foi posto não foi consumido.
O copo d’água esta mais cheio do que vazio, no entanto, as bebidas da casa acabaram faz muito tempo.
Você passa noites acordada e dorme durante o dia, suas olheiras transparecem que o sono não foi pleno e restaurador.
E me pergunto.
Com quem você esta falando?

Com quem você esta falando em sua catatonia?
O que você fez que é tão perturbador e você não quer dividir?
Venha, vamos conversar.
Esse seu falso silêncio transborda em uma mente cheia de questões conflitantes.
A sua imersão não ajuda em nada e ainda me atrai para seu abismo pessoal.
E sigo consumindo minha mente com preocupações relativas ao seu bem estar.

Relaxe no meu abraço.
Não precisa dizer nada se não quiser.
Dentro de você há vozes que não se calam.
Desconfio que sejam sons da sua consciência.
Não importa o quanto ela cobre pelos seus atos.
Não importa o quanto ela martele em seu interior inúmeras vezes os mesmos fatos.
Nada mudará o que já aconteceu.
Ficaremos vigilantes e amadurecidos para o futuro.
Estou aqui ao seu lado, pronto para ouvir você.
Fale comigo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tempo

Aliado ou inimigo?
Sempre seguindo em frente independente do nosso querer.
Conceitos mundanos não são aplicados a esta força natural, não há o bem ou o mal.
És senhor de si.
Irrefreável, constante, oprime e conforta através do seu próprio nome.
Só o que importa é a continuidade.
Seguirá jogando-nos para trás com sua inércia avassaladora.
Sempre em uma só direção.

Em raramente, desejo poder retroceder.
No entanto, quase sempre, o que me acomete realmente é a possibilidade de paralisá-lo.
E desfrutar da estática trazida pelo mundo congelado.
Gostaria muito de ter a disponibilidade para tudo que minha alma anseia.
Dar a devida atenção que o redor merece sem pular detalhes.
Tempo para o tudo.
Tempo para o nada.
Tempo para apreciar de verdade todas as possibilidades que passam por nós tão rapidamente, que nem percebemos o quanto desperdiçamos continuamente.
Continuidade é só o que importa no contexto dele.
Nós é que ficaremos para trás.
Talvez a história nem faça referencia a nós.
Talvez ironicamente sejamos apagados pelo próprio tempo.
Se o tivesse ao meu lado, poderia recobrar as energias, dormir as horas que devo a mim mesmo, ajustar alguns pensamentos.

Reaprenderia algumas coisas que esqueci ao longo do caminho da vivencia.
Em fim, ser mais pleno na arte de existir.

Poderia simplesmente ler um bom livro ou vários.
Curtir a brisa.
Apreciar a paisagem
Amar com mais calma, sem a urgência de viver cada minuto como se fosse o último.
Poderia ser mais tolerante e paciente, afinal teria a eternidade.

Se quisermos realmente vivenciar cada momento, devemos levar a vida tão a sério?

Caminhar sem direção, sem pressa, apenas para admirar os detalhes da criação, o verde infinito do horizonte oceânico, o resplendor do azul celeste salpicado ou não de nuvens brancas.
Entender a beleza refletida na contração das íris alheias a cada percepção que temos do que nos rodeia, seja etéreo ou físico.
Tempo, quanto dele nos resta?
Quanto do que nos cabe, poderemos doar um para o outro?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Bienal

Um mundo de livros e eventos literários na terra de Tão Tão Distante.
Esta é uma excelente oportunidade para quem esta interessado em agregar um algo a mais ao viver; viajar no contexto das palavras e trilhar novos caminhos nas mais diversificadas direções que a mente conseguir materializar organizando os neurônios de forma coerente, ou nem tanto assim.
A bienal do livro dispõe de diversas opções para novos e velhos leitores.
Milhões de sinopses para ler e escolher uma literatura que atraia a atenção.

Em um país hipócrita onde o acesso aos livros é limitado não só pelos elevados valores, mas também pelo tipo de cultura imposta à sociedade, é importante vencer a inércia sempre que possível é dizer não a falsa cultura inserida em nosso meio social.
Revistas fúteis, músicas sem conteúdo, entre outras coisas, são os alicerces que formam a nossa cultura passiva.
Quem lucra com isso?

Precisamos nos esforçar para emergir desta forma de vida que nos é imposta para perpetuar a ignorância e beneficiar uma fatia tão pequena da população, e para isso, o conhecimento é a chave, como este item é infinito para uma só vivencia, quanto mais percebemos o contexto do nosso redor, entendemos um pouco dos valores que formam a nossa opinião e a opinião de outras pessoas, nos conscientizamos cada vez mais do quanto não pleno nós somos.

Não é só o fato de ler ou não.
Mas ocorre que a literatura faz parte de um conjunto de fatores que é posto de lado para que a massa não forme pensamentos, e passe a questionar os absurdos que vemos no dia a dia.
O questionamento é o pensamento em movimento.
A semente da dúvida é o embrião da revolução.
Algumas coisas não são tão normais quanto nos fazem crer ou acostumar.

Quanto mais aprendemos, percebemos a não existência de afirmações, pois há diversos fatores que consolidam uma teoria em verdade ou mentira, sem que uma das partes possa ser totalmente ignorada.
É como yin-yang, o equilíbrio esta em cada lado ter participação na contraparte.
A abstração é um item subjetivo, por tanto permanece em mutação dependendo do ângulo da abordagem de quem propõe um cenário imaginário ou não, e a leitura é o exercício perfeito.