quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Preciso também



Foi este pensamento que se formou dentro da minha cabeça, quando ouvi você dizer que precisava de algo que fosse, motivador que e perdurasse para seguir em frente e fixar as inalcançáveis raízes da satisfação.
Em contradição, digo em meias palavras que acho que isso não existe, que é algo para nos fazer continuar em frente, uma busca lúdica...
Você diz que não, argumenta o contrário.
Precisamos acreditar.
Eu penso em um Hamister correndo sem sair do lugar...
Muito esforço para pouco benefício.

Penso em um plano B.
Deixo a imaginação vagar em busca de algo prazeroso.
Chego a canção ....
Será que tudo que eu gosto, é ilegal, é imoral ou engorda?
Algo assim...
Os pensamentos se perdem.

Para me movimentar, preciso cortar mais raízes do que achei que teria.
Percebo, o quão limitado sou, por conta dos laços que criei.
Mas nao são eles que nos fortalecem?
Para fraseando o autor, algo como se tornar eternamente responsável pelo que cativa...formando um paradoxo entre cativar....cativeiro.
Quem é refém de quem no fim das contas?
Talvez sejamos reféns de nossas criações e vínculos sociais.
Hamister...correndo, emitindo sons, esguichos, demarcando espaço.
Desentendimento sem propósito.
Gerar riquezas para poucos, enquanto o tempo vai passando fora das grades que habito.
Preciso correr, mas antes, descer do brinquedo que me exercita.
Buscar novos horizontes.
Ou talvez, novas percepções dentro do que já vejo em tons de cinzas e listrado.
Ainda pensando no plano B....

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Essas pessoas...

Enquanto bebia solitariamente ele contraria os lábios e se perguntava com certa frequência, e até mesmo involuntariamente.
Quem são essas pessoas?
O que elas querem além de satisfação pessoal?
Estão sempre em busca de alcançar resolução para os próprios problemas, suas própria ambições distorcidas. No entanto, não se importam nem um pouco com o redor que é afetado no processo.
A pedra que jogada ondula o lago.
Idealizam que se suas próprias necessidades forem satisfeitas, o resto é irrelevante.
Que se dane o próximo.
Goste quem quiser, conviva e aceite, quem achar que consegue.
Entre um trago e outro, se percebia descontente em achar que nutria amizade ou consideração por muitos daqueles que simplesmente não pensavam em mais ninguém além de si.
A masturbação estava sempre presente em tudo, autoflagelo prazeroso que visa apenas um objetivo.
Existem muitos tipos, tantos que é complicado quantificar, depende da mente e dos fatores considerados, mas o sentido é sempre o mesmo, fluir para a convergência.
Jogam a ética pela janela e se sentem certos, protegidos pela razão de uma sociedade doentia, carente de pessoas lúcidas e principalmente sóbrias.
Precisava parar de beber.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Angina Esquizofrênica

Ela já sabia o rumo que sua vida estava tomando.
Em seu intimo não conseguia mais negar.
Seus sentimentos eram crescentes e a envolvia negativamente.
Tentava andar e se esquivar.
Suas soluções paliativas para ser mais tolerante e compreensiva com tudo que a incomodava, não estavam mais surtindo os efeitos desejados.
Usar a força para convencer estava fora de questão.
Continuava achando que a lógica deveria ser a maneira mais correta de acertar as coisas.
Só que o tempo das coisas ao seu redor era muito lento e ela tinha urgência.
Consolava-se com o pensamento de que cada um tem a sua forma de dedução dos fatos, e seu próprio jeito para reagir e chegar aos mesmos denominadores comuns.
Tempo...único em sua concepção, mas quantificado e percebido  de maneira diferentemente na  abstração de  cada um.
Sendo assim, em algum momento tudo estaria claro como o dia, e as banalidades seriam esquecidas em detrimento do que realmente importasse para uma vivencia digna e sem falsidades.
Seria muito esperar isso de uma realidade sóbria?
Sóbria era complicado, quase nunca estava neste estado, no entanto, sombria era um fato.

Sob qualquer aspecto de sua pensada lucidez, Angina estava tendo dificuldade em combater a todo instante o que percebia como atos de covardia e incompreensão; mesmo que estes não estivessem diretamente ligados a sua pessoa, eram insuportavelmente inconvenientes.
O incomodo em sua consciência era irremediável e fomentador de sua ira.
Algo se mexia dentro dela como um felino enjaulado de um lado para o outro.
Indócil.
Ela já tinha seus próprios defeitos e não podia deixar sua carne ser impregnada com os problemas ou fatos que lhe chegavam.
Parecia que tudo colava em sua roupa amassada.
Uma voz pulsava sob o seu peito....e o timbre era de indignação envolto em um “tic tac” constante.
Odiava caminhar lado a lado com a impunidade, ainda mais quando cada ato seu era duramente cobrado não só por si mesma, mas também por terceiros.
Começava as conversas bem, mas em pouco tempo, a irritação frente à hipocrisia era inegável e se via em posição de ataque.
Estava perdendo o controle de seus atos e a areia movediça ameaçava lhe tragar.
Gostaria de estar só, no entanto, as pessoas sempre vinham ao seu encontro.
Estavam constantemente ávidas por algo que ela não entendia bem o que era ao certo.
E o mundo a tragava....
Queria modificar certas coisas, queria não agregar a sua consciência aos erros cometidos pelos outros, mas estava sendo impossível separar seu corpo da areia molhada que lhe envolvia com maior rapidez cada vez que se debatia...
Seu organismo estava vencendo os efeitos do remédio que se dava, e agora tudo estava cruelmente se misturando e crescendo dentro de sua mente.
E o inaceitável parecia menos ruim do que realmente era.
Negava e se debatia.
Não aceitaria jamais.
Era preciso aumentar a dosagem, mas seu corpo já não suportava mais nenhum composto, precisava de tempo para si; tempo para despoluir a mente de idéias suicidas, e conspiratórias, e por que não, livrar as células das composições químicas que lhe causavam algum alento.
Um mal necessário repetia para si.
Precisava mudar.
Negava e se debatia.
Em fim, exausta em seus delírios, encontrava-se em transe.
Era como se no oxigênio, houvesse alguma mistura que tornava o raciocínio o tempo todo mais difícil, e o corpo constantemente cansado...
Negava e se debatia, convulsionando sem parar.
Tic tac ainda era o som que ecoava em seus tímpanos antes de perder totalmente a consciência.
Talvez o som fosse do seu coração acelerado, ela nunca saberá mesmo que acorde amanhã.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O mesmo manto...



O corpo pobre sob a camisa do time rico.
Quantos não sonham em ter uma oportunidade de mostrar sua arte?
Ganhar um troféu, um estandarte.
E ali no lixão, mas um sonho vai se esfacelando sob o tubo queimado da televisão.
O mesmo que outrora exibia os jogos do milionário time.
Agora é lixo junto com a sociedade que o sistema oprime.
Sem distinção.
Todos juntos sem grades, mas ainda assim na mesma prisão.
Os alicerces da pobreza financiam apenas uma pequena parcela da população.
O televisor perdeu seu valor.
Sua luz se acabou.
Os raios catódicos foram perdendo sua intensidade até se extinguirem.
Descarte .
Aterro sanitário o local.
Não pode ser normal.
Antinatural é a riqueza desigual.
Nos distanciamos mas a pobreza ainda não jaz em nosso quintal.