sábado, 11 de agosto de 2012

Reflexões I

A convivência nos entorpece.
Nos faz esquecer as qualidades, e ressalta os defeitos que vemos e temos.
Muitos dizem que projetamos em outros nossa frustação.
Não temos coragem de admitir o quanto somos incompletos, e passamos o fardo à outros para nos livrarmos da responsabilidade de mudar.
Onde esta o amor?
Aquele sentimento puro e nobre, que cultivamos de maneira sedenta e apaixonada no início da vida?
Não digo só o amor pelos objetos, pessoas ou uma pessoa em específico, mas o amor lúdico.
Que saudade do arrepio que o cheiro da noite me causava, do prazer ao sentir o odor do limpo verde com a clorofila concentrada, do aroma da chuva ao cair no solo.
Eles continuam lá, só nossa percepção que mudou ao se acostumar.
No passado o coração acelerado, mas não por medo ou doença...mas sim em reação a algo inusitado, algo novo de uma boa urgência.
Tudo esta tão comum.
Que nostalgia que sinto ao lembrar do pouco alimento disponível que tinhamos, mas sem dúvida de sabor incomparável.
O paladar continua ótimo, mas já sabemos disso, só nos esquecemos de saborear.
Tudo esta tão banalizado...
Vivemos tão acelerados que nos esquecemos de apreciar, seja ao se alimentar, ou sonhar.
O céu azul continua a lhe encarar indiferente de suas questões mundanas, ou pessoas sacanas.
Indiferente ao que você escolhe trilhar, ou pense escolher levar.
O sol é lindo, mas seu esplendor, já não é assim tão sobrenatural quanto era antes.
Até o amor pelo medo mudou.
Vejo com carinho e nostalgia coisas do passado, seria um reflexo de um sentimento latente?
Recomeçar, talvez...
Afinal, as coisas mudaram ou eu que me acostumei, e esqueci-me de alguns valores pelo caminho?
Por que se empenhar em angariar riquezas que mal temos tempo de desfrutar?
Principalmente para pessoas, que nem sabemos quem são de verdade na imensidão deste mar.
Estou preocupado com afazeres que não ligam a mínima para mim.
Tento angariar recursos que nunca vou usar.
Acho que na realidade preciso de muito menos para uma boa vida cultivar.
A sociedade nos impõe um padrão de consumo questionável e que pulveriza nossa atenção. Será que precisamos de tudo isso mesmo então?
Disso tudo que é gerado, na verdade pouco nos chega à mesa.
Mas muito nos cega os olhos.
O “tudo” continuará lá mesmo depois que eu partir.
Indiferente se vou ou não usufruir.
Do que o amor é feito afinal?
Com certeza, não deve ser de nada sólido que insistem em nos vender nos cartazes da vida e na vida que vemos na televisão.