A
convivência nos entorpece.
Nos faz
esquecer as qualidades, e ressalta os defeitos que vemos e temos.
Muitos dizem
que projetamos em outros nossa frustação.
Não temos
coragem de admitir o quanto somos incompletos, e passamos o fardo à outros para
nos livrarmos da responsabilidade de mudar.
Onde esta o
amor?
Aquele
sentimento puro e nobre, que cultivamos de maneira sedenta e apaixonada no início da vida?
Não digo só o
amor pelos objetos, pessoas ou uma pessoa em específico, mas o amor lúdico.
Que saudade
do arrepio que o cheiro da noite me causava, do prazer ao sentir o odor do limpo
verde com a clorofila concentrada, do aroma da chuva ao cair no solo.
Eles
continuam lá, só nossa percepção que mudou ao se acostumar.
No passado o
coração acelerado, mas não por medo ou doença...mas sim em reação a algo
inusitado, algo novo de uma boa urgência.
Tudo esta
tão comum.
Que
nostalgia que sinto ao lembrar do pouco alimento disponível que tinhamos, mas sem
dúvida de sabor incomparável.
O paladar
continua ótimo, mas já sabemos disso, só nos esquecemos de saborear.
Tudo esta
tão banalizado...
Vivemos tão
acelerados que nos esquecemos de apreciar, seja ao se alimentar, ou sonhar.
O céu azul continua a lhe encarar indiferente
de suas questões mundanas, ou pessoas sacanas.
Indiferente
ao que você escolhe trilhar, ou pense escolher levar.
O sol é
lindo, mas seu esplendor, já não é assim tão sobrenatural quanto era antes.
Até o amor
pelo medo mudou.
Vejo com
carinho e nostalgia coisas do passado, seria um reflexo de um sentimento
latente?
Recomeçar,
talvez...
Afinal, as
coisas mudaram ou eu que me acostumei, e esqueci-me de alguns valores pelo
caminho?
Por que se empenhar
em angariar riquezas que mal temos tempo de desfrutar?
Principalmente
para pessoas, que nem sabemos quem são de verdade na imensidão deste mar.
Estou preocupado
com afazeres que não ligam a mínima para mim.
Tento
angariar recursos que nunca vou usar.
Acho que na
realidade preciso de muito menos para uma boa vida cultivar.
A sociedade
nos impõe um padrão de consumo questionável e que pulveriza nossa atenção. Será
que precisamos de tudo isso mesmo então?
Disso tudo que
é gerado, na verdade pouco nos chega à mesa.
Mas muito
nos cega os olhos.
O “tudo”
continuará lá mesmo depois que eu partir.
Indiferente
se vou ou não usufruir.
Do que o
amor é feito afinal?
Com certeza,
não deve ser de nada sólido que insistem em nos vender nos cartazes da vida e
na vida que vemos na televisão.