sábado, 6 de julho de 2013

Podemos?

Será que podemos mudar o outro? Forçar uma alteração de percepção real e durável?
Acho difícil, por mais que queiramos alterar as características de um outro ser que possivelmente desejemos o melhor.
Doutrinar um animal é uma coisa, modificar a natureza dele é outra bem diferente.
Mesmo o mais mansos dos cães, ao colocarmos a mão em sua tigela, a reação instintiva dele é única, agressiva e imutável.
Somos o que somos devido a uma série de fatores, conscientes e inconscientes, prazerosos, carinhosos, traumáticos, em fim, um leque imenso que nos molda ao logo do tempo que passamos sobre a terra.
O Amor modifica, ou somos amados pelo que representamos?
O Amor é uma arma poderosa, um tranquilizante de longa duração que nos amortece e distancia dos atos mais vis, mas não nos faz ser outra pessoa.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O silêncio como retorno


Uma vida inteira dedicada a ser uma boa pessoa...
Muito provavelmente, o rótulo "boa" de fato seja uma qualidade que não exista de verdade, talvez tentemos ser o menos pior em tudo que nos propomos a fazer em nossa existência.
Então o tempo passa, escolhemos na maioria das vezes guardarmos as armas, sermos cultos e educados, optamos por ajudar a quem quer que seja, e o retorno de nossas ações muitas vezes é apagado pelo tempo ou não percebido no presente.
Somos jovens, somos velhos, a faixa etária não importa tanto, o fato é que sempre estamos pagando por algo que na maioria das vezes não fica muito claro em nossa rotina.
Ficamos a nos perguntar se o fato de ser realmente bom ou ruim, nos trouxe algum conforto agora que estamos sofrendo, que estamos mutilados no corpo e na alma.
Será realmente que se optássemos lá trás por outro caminho, nossas enfermidades, sofrimentos e angustias seriam tratadas de maneira diferente pelo destino aqui no presente?
A resposta nunca vem, apenas o silêncio profundo nos envolve.
Talvez seja um acontecimento natural e inerente ao crescimento.
Sofrer.
Sofrimento pessoal, sofrimento familiar para os que estão em volta.
Não sei.
Talvez tudo que fazemos tanta questão seja meramente ilustrativo para o que importa realmente....E seguimos em silencio esperando uma resposta sobrenatural que explique o que naturalmente convivemos aqui.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Angina - O retorno?

De sua consciente ausência ela emergiu mais uma vez.
Corpo presente mente longe, olhar vago em uma dimensão distante e intangível;
No entanto, repleto de valores que considera com importantes e que estão em falta aqui no mundo físico.
Palavras soltas, contexto não considerado, respeito perpetuado.
Em seu desgaste mental, não queria mais ser subserviente a nenhum mortal.
Nada de destinar a esforços mentais para nutrir a outros que perpetuam o disperdício.
Em sua viagem, ela optou por se exilar das conhecidas mazelas do mundo.
A literatura deu o suporte necessário, para a sua forma de recarregar as extenuadas baterias neurais, enquanto seu corpo respondia apenas autonomamente aos estímulos externos quando fosse solicitado, se fosse solicitado.
Gestos de um ator; um personagem que interpreta pedidos com ausência de significado.
Muitos acharam estranho aquele comportamento.
Polido de mais, diferente de mais, o que aconteceu com ela?
Momentaneamente Angina desistiu desta inglória luta, sabendo de antemão que nada é para sempre.
Já diziam os grandes, "recuo estratégico".
Mas o tic tac continuava brandamente em seu interior, suas expressões não revelavam a tempestade que se seguia atrás dos olhos inexpressivos.
Em uma vivencia repleta de paliativos, alguns sons não são percebidos até que seja tarde de mais.
Estava muito cansada da falta de reconhecimento de uma forma geral, e principalmente da forma robótica que estava tomando as obrigações no trabalho.
As ideias tinham que ser autenticas, mas a aplicação e a manutenção deveriam ser sempre automatizadas e os créditos, nao eram devidamente atribuídos...
Era a batalha paradoxal do dia a dia, novas ideias, velhas formas de se executar as ações.
E sempre a mesma desvalorização.
Na maioria das vezes, o conteúdo dos relatórios, só eram combustível para alimentar outros.
Ladrões em escala imensurável com ambições do mal ainda assim crescente.
Caules que drenavam tanto do solo, quanto das folhas, os nutrientes para se manter de pé...
Mas ainda não era possível cortar as raízes, não definitivamente. Apenas era possível se tornar furtiva a cada apneia que se submetida voluntariamente.
Dentro do contexto literário, ela podia viver todas as nuances, torcer pelo melhor fim, ou pela derrota do vilão, ou até mesmo pela vitória, já que sempre há algo de bom à se extrair de alguém que defende uma causa.
Ela acredita que ainda há nobreza, em fim, mas que a corrupção nubla o objetivo inicial e tudo se perde no caminho na maioria das vezes.
Em sua imaginação, era possível conhecer a todo o momento vários lugares do mundo, e com isso, aumentava cada vez mais a sua certeza ao retornar a realidade.
A existência de um modo geral não era nada mais do que pura ficção.
Então tudo se fundia, éramos literalmente personagens repletos de segredos, angustias e verdades que só cabiam a nós vivenciar.
Nossas expressões eram como mímicas...
Ela não via saída, não tinha tendências suicidas, apenas vontade de desistir; mas isso de certa forma não seria um advento da morte?
Angina não sabe, assim como todos nós, o que o futuro reserva, mas o tic tac enlouquecedor persiste...e há momentos que ele é mais forte que sua vontade ou da nossa...