quarta-feira, 29 de junho de 2011

De mãos dadas.

Dê-me a mão.
Feche os olhos e confie em mim.
Confia, não há motivos para pensar o contrário.
Não quero mais viver como um ser sedentário.
Sou sincero em meus sentimentos.
Quero que venha compartilhar do meu mais puro intento.
Sou assim mesmo, intenso no amor.
Rude no rancor.
Desculpe, é assim que sou.

Nunca se deixe esquecer ou de acreditar.
Serei eternamente seu se quiseres uma pessoa com quem compartilhar.

A vida é cheia de desagrados
Para alguns não estaremos preparados.
Seria melhor viver isolado, ou melhor, só com você ao meu lado.
Sei que é uma coisa difícil de realizar, mas acho que com você eu posso aprender a me desarmar.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Posso voar

Quando a verdade me cerca posso sair do solo.
Como se fosse uma convergência de ar quente me impulsionando para cima ao sabor do vento.
Posso flutuar acima da camada podre que tinge a terra de atitudes vermelhas.
Sinto a alma leve sem amarras morais ou físicas.
A verdade pode ter várias faces, mas se for pura, se explica por si só.
É como religião, é preciso crer, só que diferentemente, cada um tem uma para si.
O que muito se explica, parece perder o teor verdadeiro, por mais que pareça nobre.
As vezes o silencio diz muito mais do que uma coleção de verbos prontos para cortar a carne e a alma.
Sendo uma expressão verdadeira, não precisa de convencimento, precisa sim de entendimento.
Justamente isto é o que mais nos falta.
Precisamos de tempo para pensar, buscar a verdade individual que nos pertence, e usá-la para o bem, usá-la para se tornar um pouco melhor.
Estou buscando, e continuarei assim...
As vezes me sinto mais completo, mais próximo de algo realmente maior, algo além de mim e do meu egoísmo mutilado por minhas autocobranças.

Sendo o protagonista da sua história, qual mensagem você quer passar, mesmo quando ninguém esta vendo suas ações?

Meu coração se torna indignado quando o que expresso simplesmente se perde no labirinto das idéias cegas transmutadas pela vida.
Mas hoje eu posso voar.
Meu choro tem frações de magoa, mas há muita felicidade entrelaçada com meu sorriso salgado.
Estou me permitindo ser apenas eu com as minhas certezas e incertezas.
Não é necessário envolver ninguém, pois quando minha retina se umedece, sou apenas eu contra todo o resto.
A verdade não é um crime e não precisa de provas.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Anarquizando de leve.

Pego a condução ao amanhecer.
Leio por alguns minutos.
Estou muito cansado, e o dia só esta começando.
Transito por alguns quilômetros.
Fecho o livro e fecho os olhos.
Percebo então pelas minhas pálpebras cerradas, os raios de sol me alcançando.
A luz se torna suavemente vermelha através da pele.
Sutilmente aquecendo o sangue com o calor dos raios do sol nascente.
Mantenho os olhos fechados, não quero ver o horizonte alaranjado.
Sei que o astro maior esta lá reinando supremo sobre o horizonte distante.
Mas, simplesmente não quero encará-lo.
Posso me privar de observar, me fechar para o mundo, das mais variadas formas, mas nada vai mudar o fato de as coisas seguirem seu caminho indiferente a minha interferência, ao meu querer muitas vezes cegamente ego centrista.
O mundo não me pertence, não tenho o poder de gerir os acontecimentos, não importa a força que eu faça, não importa o meu empenho, nada importa de fato.
Não há poder no convencimento.
Não há amor natural que precise ser argumentado, pois o maior poder dele deriva da capacidade de crescer regado naturalmente, e o florescimento pleno vem com certeza da admiração que sentimos do objeto amado.

Sigo de olhos fechados sacolejando levemente.
O som dos carros e das pessoas é insuportável.
Concentro-me e tento desligar minha percepção ainda mais de tudo e de todos.
Dane-se os poderes constituídos, dane-se os que vivem em desamor e fincam sua atenção e amenidades mundanas que não modificam a vida de ninguém...alteram no máximo a aparência...

De que vale importar-se?

O poder da verdade é imutável, e me assombra sempre que o mundo tenta me modificar e eu permito mesmo que minimamente.
Não posso mentir pra mim mesmo.
Não posso me alienar, não consigo ser indiferente aos estímulos que recebo.
Sou bom, sou mal, sou resultante da minha percepção muitas vezes turva.
Relutante olho de esguelha para a esquerda e lá esta ele e aqui estou eu.
Dou um leve sorriso.
Retomo minha a leitura e sigo em frente até o meu destino.

sábado, 18 de junho de 2011

Bio Ond@s.com?




Estamos aqui
Antenas móveis que emitem sinais biológicos, digitais e analógicos.
Desesperadas vibrações positivas e negativas em várias freqüências e direções pulsando pelo cosmo sem destino certo, apenas se propagando.
Buscamos receptores que leiam e entendam o que é emanado de nosso poder de comunicação verbal e gestual.

O que corre é que no outro extremo não há respostas
Apenas silêncio frio e sepulcral.
Indiferença, estática e mórbida.
Emanamos constantemente, mas a receptividade é nula.
Afundamos-nos em amargura, mas o que nos chega é o nada, ruídos terrestres ou via lácteos dos confins da negritude, humana ou cósmica.
Somos pouco menos que cegos
Vemos borrões distorcidos
As verdadeiras imagens ou mensagens enviadas não são percebidas, ou são notadas em uma porcentagem muito baixa, muito aquém do real teor.
Construímos máquinas gigantes para enxergar o universo
Mas somos míopes dentro da nossa própria atmosfera

Todos enviam seus sinais particulares
A confusão é imensa
No meio de tudo isso esta cada um de nós, propagando no ar solitariamente os genuínos acenos do desespero.

O não retorno é visto negativamente e o resultado é o isolamento.
Mesmo no meio da multidão estamos sós.
No abraço amoroso desfeito, ao nos encararmos a sensação é a mesma
Não conseguimos ser totalmente compreendidos em nossos anseios, talvez sejamos ignorantes dos próprios sinais que emitimos a todo instante do peito para cabeça, da cabeça para a boca...quem sabe algumas coisas nem passem  por um destes três meios, simplesmente saltem do nosso ser espontaneamente, involuntariamente em um gesto desesperado, e ricocheteie para o infinito sem ser jamais absorvido.
E seguimos bipando sinais fortes e fracos de compreensão impossível.
Precisamos refinar a linguagem, permitir que a percepção se manifeste e fixar a atenção ao no que fingimos ignorar.
Se “a verdade esta lá fora” o entendimento pode estar ao nosso lado.
Fim da transmissão...eminente per..da...de..sina..l.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

13/06.

Vivi parte considerável da minha expectativa de vida...
Ainda falta um outro tanto considerável, pelo menos é o que acredito.
Não sei ao certo em que fase do ciclo estou, mas se não é possível determinar inicio ou fim de cada estágio, então só posso estar em um processo intermediário.
Acho que viverei um eterno amadurecimento, pois tudo é muito vasto e complexo, mesmo que pareça simples em um primeiro olhar.
Sendo assim, é inviável a totalidade do saber.

Sempre há muito mais por vir, por aprender.
Viver é ser consciente de sua ignorância.
Entender que há um universo todo a ser explorado e o limite somos nós.

Às vezes tenho a irrefreável vontade viver exilado, mas não me é permitido.
Não posso me fechar para o que chega ou para o que se repete aleatoriamente enquanto transito pelas avenidas do mundo e ou nos labirintos dos impulsos nervosos da minha mente perturbada.

Meus inúmeros defeitos, ainda não refletem o que eu sou.
Percebo que ainda não realizei o suficiente.
A intenção de ser digno ainda permanece fluindo em minhas veias, oxigena minhas idéias e me faz ser apenas eu seguindo em frente, às vezes sozinho às vezes sem ninguém...

Na maioria do tempo em que estou desperto, reflito sobre meus atos, executo ações profissionais, falo e me calo.
Ao dormir nada se altera; apenas mergulho mais e mais em meu oceano de pensamentos.
Sou um náufrago em uma balsa no maior deserto da terra, o mar.

Vivo o meu “retorno de saturno” todos os dias.
Tento me redimir de alguns pecados e alguns erros, mas minha cabeça dura ainda não permite certos gestos de grandeza.
Sou pequeno perto do que poderia ser de verdade.
Somos todos assim.
Acho que quando alcançar a redenção terá chegado o fim da minha estrada da forma como entendo que é estar vivo.
Talvez esta seja, em fim, a conclusão do propósito humano de ser uma entidade consciente...
Transcender a matéria.
Desenvolver algo, não só para si, mas para um coletivo.
Construir, frutificar, ramificar.

Na breve caminhada que faço pela terra, ainda não encontrei as respostas que procuro, e quando acho que estou próximo de alguma coisa, tenho medo do que concluo.
Agrego valores aos meus poucos bens, mas não é isso que me completa.
Quase sempre tenho algo para falar, mas com freqüência, penso melhor e percebo que cada um deve sempre fazer sua auto-analise sem depender de ninguém, pois a história e a motivação de cada criatura é um item singular.
Logo depois mudo de idéia; se pudermos dividir águas e propor idéias, por que não fazer?
Seguimos buscando, sempre.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Estágio Contínuo

Mãos nos bolsos, punhos cerrados.
Caminhava de cabeça baixa em meio à chuva torrencial que caia sobre sua cabeça, tinhas os pés encharcados e a visão turvada pelo mau tempo.
Enquanto seguia seu caminho pensava nos ciclos.
Perguntava-se onde começava e onde terminava cada um.
Será que havia realmente começo e fim?
Tudo parecia estar no meio de algum processo, e não no início ou no término.
A chuva começa quando os pingos se precipitam ou quando ocorre a evaporação?
Mesmo sendo denominado ciclo, podemos apenas afirmar que há estágios contínuos de mutação...e nós não somos diferentes disto, pelo menos não deveríamos ser.
Mas alguns estão congelados no tempo, envelhecem cronologicamente, mas as mentes permanecem estagnadas.

Talvez a queda da chuva não seja somente o início de algo.
Em outra instância, quem sabe seja a garantia de que haverá continuidade, perpetuação.
Como uma roda que sem pontos específicos em seus 360 graus, apenas faz o movimento continuo girando sobre seu eixo, sem começo, sem término.
Quem sabe o fim não seja afinal um encerramento de atividades, pode ser que seja apenas uma modificação dos conceitos da forma que entendemos hoje.
Frutificação de uma cadeia de eventos que já vinham se desenvolvendo muito antes de nos darmos conta de sua existência e ou função no equilíbrio das coisas.
A natureza não é boa nem má...ela busca apenas o equilíbrio, e em tese, somos seres naturais em busca do mesmo.
Somos o resultado de uma cadeia genética evolutiva, que vem se consolidando geração a após geração até o momento atual.
Somos o passado, o presente o futuro...o produto de avanços, também de alguns retrocessos pessoais; erros resultantes da busca pelo pêndulo certo na balança existencial.
Vamos prosseguindo em nosso caminho, com a roupa encharcada por ruas escuras, sem noção do que nos aguarda na próxima esquina, apenas seguindo dentro da tempestade das ruas alagadas das avenidas do nosso destino.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Estava só...

....andava rodeado de muitas pessoas, mas era o mesmo sentimento sempre.
Solidão.
Uma multidão de pessoas que embora próximas e cordiais, não compartilhavam dos mesmos ideais que eu vinha agregando nas trilhas que percorria ao longo da vida.
Não eram criaturas essencialmente ruins, somente vazias de propósitos ou com objetivos nobres voltados somente para si.

Cada um de nós vê o mundo através dos próprios olhos.
Cada cultura, cada personalidade, carrega a capacidade de perceber o mundo de uma maneira particular.
Por isso não é permitido julgar.

Nossa lógica leva a um encadeamento de fatores contínuos...
Acho que o fato de se ter uma determinada atitude isoladamente, não rotula você, mas a freqüência desgasta sua imagem, e pode levar sua índole a ser vista negativamente.
Acho que não dá para definir entre bom ou mau as pessoas sempre.
Não sei ao certo e não quero pensar na definição.

As definições são meras formas para tentar entender o meio.
Quem entende o meio em que se vive?
Você entende a si mesmo ou pensa entender?

É complicado, pois se trata de um avançado exercício de abstração concluir pensamentos ou idéias de outras criaturas.
O resultado nunca é 100%.
Uma mínima variação no fluxo do que é compreendido, resulta em bifurcações inimagináveis no que se entende por possibilidades vindouras.
Uma palavra pode mudar todo um contexto, toda uma concepção de idéias previamente formadas e consolidar o caos ou corrigir preconceitos.

Sendo impossível controlar ou entender nosso modo de agir, quem dirá o modo de conduzir os fatos sob a ótica de outras pessoas?
Não devemos esperar que outros sigam suas vidas de acordo com a imposição do nosso querer; mas podemos fazer o nosso melhor e desejar isso para os demais.
E sempre nos reservaremos o direito de ficarmos indignados quando não formos entendidos; principalmente por quem mais estimamos dentro de nossos sentimentos conflitantes.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Infanto

Tenho notado que a violência infantil subiu muito neste ano de 2011.
Na sei se sempre foi assim, ou se agora há mais divulgação.
O fato é que perceptível a falta de uma punição que seja excepcional o suficiente para atenuar o trauma covardemente infligido aos pequenos.

Desatenção, lesões graves, pedofilia, abandono, entre muitas outras formas de violência que possamos ou não imaginar, lesam permanentemente nossos jovens.
Parece-me que pessoas capazes de atos tão vis, estão longe de serem considerados normais ou algo proximo disto, são fugitivos do sétimo ciclo e agem tendo a estupidez como base para as decisões, são criaturas da escuridão que espreitam a procura de uma brecha para perpetrar seus crimes hediondos.

Acho que nada na vida vai preparar uma pessoa para ser frio na reação ao perceber a tragédia que um indefeso ser possa estar sofrendo ou ter sofrido.

Covardia exagerada, pequenas mentes traumatizadas, corpos mutilados e adultos em franca decadência.
Irracionalidade sem fim.

Vamos ser cuidadosos e atenciosos, vamos prevenir qualquer possibilidade de ocorrência deste tipo de fato, ter critérios extremos na escolha do consorte que acabamos por abrigar eventualmente em nosso lar.
É preciso ler atentamente os sinais que nos chegam.
Quando há maus tratos aos pequenos, os adultos perdem o direito de requer compaixão de qualquer vivente.
Perde-se tudo e nenhum castigo será completo nem mesmo a morte.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Então...

Angina virou à esquerda.
Já era madruga e não estava disposta a variar o caminho.
Ziguezagueava de braços dados com o seu alcoolismo tentando afogar a torrente de problemas que a perseguia ultimamente.
Focava unicamente o destino pretendido e possível naquele momento.
Rumava para o lar, o refúgio em que se curava das mais vis loucuras do ser autodestrutivo que se tornou, lá isolada do mundo, era o lugar onde reagrupava os pensamentos para seguir em frente dia após dia, decepção após decepção.

Sua cabeça e corpo estavam em estado lastimáveis.
A degradação era mais visível nos últimos meses.
Estava em rota de colisão com a sociedade e consigo mesma.
Angina não se encaixava mais em nenhum perfil social, todas as suas decisões resultavam em mais problemas.
Louca e paranóica se via submergindo na areia movediça da soma de seus atos...

Alternava momentos extremos de lucidez e embriaguez enquanto caminhava.
Sentia vontade de chorar e ao fungar sorria...estava perdida entre as escolhas que fez e percebia o futuro incerto a sua frente.
No horizonte havia apenas escuridão, e todos os caminhos possíveis em sua mente conturbada conduziam ao breu.
Só lhe restava aguardar o amanhecer e renovar as esperanças de uma vida mais justa e menos ingrata e sufocante.