sábado, 27 de outubro de 2012

O tempo que nos guia

Em um curto espaço de tempo nos desligamos dos amores perdidos, das humilhações sofridas e seguimos a música que toca ao fundo, esboçamos sorrisos que ninguém percebe.
A melhor piada, é sempre aquela que só faz sentido para nós...
Balançamos a cabeça ao ritmo do que nos chega, e tudo fica para trás.
Sei lá, três,quatro minutos; qual a duração de cada música que nos agrada?
O orgasmo dura segundos.
Tudo é só por um momento; pois a angustia nos chegará, e nos afogaremos em questões que pensavamos ter vencido...nao sei, mas parece lógico que a maré, os anseios nos alcance em algum momento...e geralmente quando menos esperamos.
Água, pensamentos, pessoas, nao importa, o afogamento é indiferente a razão.
 

sábado, 11 de agosto de 2012

Reflexões I

A convivência nos entorpece.
Nos faz esquecer as qualidades, e ressalta os defeitos que vemos e temos.
Muitos dizem que projetamos em outros nossa frustação.
Não temos coragem de admitir o quanto somos incompletos, e passamos o fardo à outros para nos livrarmos da responsabilidade de mudar.
Onde esta o amor?
Aquele sentimento puro e nobre, que cultivamos de maneira sedenta e apaixonada no início da vida?
Não digo só o amor pelos objetos, pessoas ou uma pessoa em específico, mas o amor lúdico.
Que saudade do arrepio que o cheiro da noite me causava, do prazer ao sentir o odor do limpo verde com a clorofila concentrada, do aroma da chuva ao cair no solo.
Eles continuam lá, só nossa percepção que mudou ao se acostumar.
No passado o coração acelerado, mas não por medo ou doença...mas sim em reação a algo inusitado, algo novo de uma boa urgência.
Tudo esta tão comum.
Que nostalgia que sinto ao lembrar do pouco alimento disponível que tinhamos, mas sem dúvida de sabor incomparável.
O paladar continua ótimo, mas já sabemos disso, só nos esquecemos de saborear.
Tudo esta tão banalizado...
Vivemos tão acelerados que nos esquecemos de apreciar, seja ao se alimentar, ou sonhar.
O céu azul continua a lhe encarar indiferente de suas questões mundanas, ou pessoas sacanas.
Indiferente ao que você escolhe trilhar, ou pense escolher levar.
O sol é lindo, mas seu esplendor, já não é assim tão sobrenatural quanto era antes.
Até o amor pelo medo mudou.
Vejo com carinho e nostalgia coisas do passado, seria um reflexo de um sentimento latente?
Recomeçar, talvez...
Afinal, as coisas mudaram ou eu que me acostumei, e esqueci-me de alguns valores pelo caminho?
Por que se empenhar em angariar riquezas que mal temos tempo de desfrutar?
Principalmente para pessoas, que nem sabemos quem são de verdade na imensidão deste mar.
Estou preocupado com afazeres que não ligam a mínima para mim.
Tento angariar recursos que nunca vou usar.
Acho que na realidade preciso de muito menos para uma boa vida cultivar.
A sociedade nos impõe um padrão de consumo questionável e que pulveriza nossa atenção. Será que precisamos de tudo isso mesmo então?
Disso tudo que é gerado, na verdade pouco nos chega à mesa.
Mas muito nos cega os olhos.
O “tudo” continuará lá mesmo depois que eu partir.
Indiferente se vou ou não usufruir.
Do que o amor é feito afinal?
Com certeza, não deve ser de nada sólido que insistem em nos vender nos cartazes da vida e na vida que vemos na televisão.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Viver +

Tentava ser coerente.
Tomar decisões conscientes.
Ser de certa forma decente.
Mas ser gente, estava se tornando uma profissão indecente.
Os valores mudaram.
Coisas que pareciam certas se evaporaram.
Era preciso arriscar.
Ajustar o modo de lidar com pessoas com um certo ar vulgar.
Não sabia o que mais lhe atrapalhava.
A dúvida ou a certeza das palavras.
Queria tomar o mundo com os pés.
Sentir as amarras soltas.
Dormir e ao acordar, se deparar com um mundo para desfrutar.
Ter o ócio para cultivar.
Mas o fruto da sobrevivência teria que brotar do chão.
Pois no mundo não há lugar para fomentar a ilusão de uma vida de pura paixão.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Vamos Seguindo

O coma ainda não acabou.
Submerso em pensamentos, permaneço seguindo pelo caminho que considero como menos equivocado.
Na grande urgência de viver cada segundo, é difícil definir algumas coisas em termos de certo ou errado.
Seria preciso uma profunda e longa meditação, e ainda assim, muito do que vemos provavelmente não poderia ser rotulado de forma simplista.
Então nos enterramos no que nossas convicções indicam como o caminho a ser trilhado naquele momento.
A montanha russa das emoções..
Muitas vezes, o que parece ser ausência, em breve deve se tornar algo maior.
Mas só fará sentido no fim, e espero que de forma positiva.
Um pequeno recuo em nome de um projeto mais abrangente às vezes é necessário para todos.
Acho que além do trabalho, e da vida social, precisamos ter metas e ambições.
“Ambições do bem” logicamente.
Sempre precisamos de componentes que nos ajudem a complementar nossas vidas, e a tornar o caminho mais agradável à medida que vamos passando pela existência da forma que conhecemos.
Construir um legado, não somente material, mas tendo como principal um lúdico ideal. 
É preciso fugir do vazio, fugir do que não tem propósito, do buraco negro que nos ameaça a todo instante querendo sugar toda a luz de nossas almas.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Oxigenando o indiferente

Sei que o que conta são os meus defeitos.
Já meus bons feitos, são facilmente apagados pelo tempo e falta de conceitos.
Olho a parede descascando na rua.
Vejo ao lado a árvore moribunda teimando em florescer em sua pele nua.
Teimando em verdejar, filtrar o ar, em benefício daqueles que nem parecem se importar.
Balançando enquanto o mundo vai se acabando.
Persistindo em seguir seu papel, independente do homosapiens cruel.
A percepção nublada, não permite ao homem ver a vida se afunilando.
São peças de um quebra-cabeça infantil que todos seguimos ignorando.
Responsabilidade é a consequência de se tomar consciência de algo.
A ciência mostra.
Nós Ignoramos.
A natureza reage violentamente.
Nós nos afogamos, soterramos em nosso estado vegetativo...
Nos tornamos hiperativos, destrutivos por natureza.
Como podemos ser tão antagônicos em uma mesma vida, e com tanta falta de certeza?
A bala fura, a faca corta, a carne sangra.
Às vezes não da forma vermelha literal.
Mas a vida tem sido uma peça teatral.
Os personagens se misturam, e na continuidade, vem o caos.
Não há questionamento sobre o papel a ser desenvolvido de verdade.
Seguimos envolvidos pela ganância e promiscuidade, sem saber que a paz não vem da intensidade desta hostilidade.

sábado, 5 de maio de 2012

Morte Homeopática


Alguns acreditam que somos nossos próprios algozes.
Cometemos nossos atos falhos e deterioramos a nossa existência física e mental.
Deixamos um rastro que nos denuncia de maneira fatal, na falácia comportamental.
Seguimos em uma rota de continuo suicídio.
Pouco a pouco, o tempo e nossas atitudes se encarregam por si só de esgotar toda a energia vital que carregamos.
Este é um fator natural, claro que sim, mas cuidadosamente promovemos a aceleração do fim.
A oxidação da carne, o colapso dos pensamentos.
O corpo se esvai, como areia em uma ampulheta.
Os pensamentos se tornam confusos ao percebemos que nossas exigências são irrelevantes a sobrevivência e a natureza da vida.
Exigimos de mais contribuímos com muito pouco.
Muitas vezes morremos coletivamente, comemos, tragamos, bebemos, alimentamos pensamentos que negamos.
Por fim, sintetizamos o veneno que nos enfraquece.
Tecemos nossa própria teia de verdades escolhidas e mentiras inventadas, talvez não nesta ordem necessariamente.
Cada um tem sua própria forma de se deixar levar, e por mais que tenhamos companhia para por em prática nossos desejos caóticos de viver e deixar de viver, invariavelmente estaremos sozinhos nos principais momentos de nossas angustias.
Somos solitários, tudo que nos chega à rotina, pertence apenas a nós mesmos.
Pensamos compartilhar, mas no fundo, estamos sós. 
E no labirinto de nossos pensamentos morremos muitas, e muitas vezes, nos permitindo sorver o doce sabor da auto transgressão sozinhos na multidão.
Seguimos nos embriagando com o néctar de viver, e paradoxalmente nos entregamos ao gosto amargo das decepções, nossas e deles.
Boicotamos a nós mesmos em um grau subconsciente.
Por diversas vezes, soube antecipadamente que faria algo de errado ou deixaria de fazer algo de certo, e simplesmente ignorava o tic tac da bomba armada no meu interior psicológico.
Só depois do estrago, caio em si, e percebo o quão idiota sou.
Desperdiço o poder de ignorar aos meus tênues apelos, soterrados nos confins da minha consciência autônoma.
A lei diz que temos o direito de ficar calados, mas no impulso, fazemos justamente o contrário.
Vez por outra, destrutivamente tentamos puxar as rédeas da vivencia, tentamos nos rebelar, decidir que rumo destino deve seguir, ai percebemos o quão longe de qualquer controle nossa vida insiste a prosseguir.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Vigiados


Onde estou, com frequência me sinto um abduzido ao contrário...
Colocado em um ambiente, mas nunca camuflado na paisagem....
Não consigo ser “uma garça entre as garças”.
A todo o momento, me sinto vigiado, confinado em um ambiente hostil.
No entanto, restam sempre dúvidas.
Apesar de não haverem barreiras visíveis, de que lado das grades eu estou?
Posso ir à qualquer lugar...mas dificilmente estou só, e quando estou, tenho medo dos que possam vir em meu encalço.
Quando olho o horizonte, estou inserido ou não em tudo que esta ao meu redor?
A socialização vem e vai, fazer parte é uma necessidade que se esvai.
Tudo anda tão desinteressante...
Rotina massacrante em meu espírito dissonante.
Como visita em dias predeterminados aos que estão sob a custódia do Estado.
Não na hora que queremos, ou sentimos querer...
Horas pré-agendadas, tempo limitado, tudo sob os olhos de alguém na verdade intangível.
Nada parece natural.
Corpos em um paiol.
Já que temos mesmo que classificar ou sermos classificados
acho que os valores que me rotulam, de fato não têm tido uma cotação muito boa no mercado.
Estou no lugar errado.
Mas errado aos olhos de quem?
retorno ao começo em busca de respostas que talvez nem existam...
....onde estou, com frequência me sinto um abduzido ao contrário...

sábado, 10 de março de 2012

Abafado & barulhento


Ainda não era noite.
No entanto, o céu estava negro.
A precipitação dos pingos era eminente.
Andava pela calçada no sentido contrário dos carros.
Olhava os veículos, e principalmente os ônibus que vinham em minha direção.
Tinha a esperança de ver o que me transportaria até em casa surgindo à frente milagrosamente.
Gotas começaram a cair.
Imediatamente penso no meu velho guarda-chuva.
Estive com ele o ano inteiro, e justamente no dia que o retirei da mochila pela manha, tenho necessidade do meu velho amigo no fim do dia.
Penso no tempo que o tenho.
Se é que sou dono de algo.
Penso nos pequenos furos em sua lona e em tantas tempestades que passamos juntos.
Ao ver que em fim, minha condução se aproxima, deixo a nostalgia de lado.
Estou fora do ponto de parada.
Mas a conjunção do destino faz o sinal de transito fechar na hora.
Faço um gesto pedindo uma camaradagem e a porta se abre.
Subo no grande veículo.
Há um lugar vago a me esperar.
Aquela velha cadeira de tecido cheio de ácaros.
Mas quem se importa?
Tenho um lugar.
Sorte sobre sorte.
Acomodo-me no assento.
Saco o fone de ouvido e o livro da mochila.
A chuva começa torrencialmente lá fora.
Vidro fechados.
Ambiente abafado.
Sono chegando.
As frases nas páginas não fazem mais sentido.
Fecho os olhos.
Som, muitas vozes.
Pessoas falando sem parar.
Falando de outras pessoas sem parar.
Mergulho em um sono conturbado, abafado e barulhento...
Tento abrir os olhos.
Não consigo.
Palavras, risadas, música...uma feira talvez.
Música?
Aumento o som nos meus fones.
Meus tímpanos vibram.
Esqueço a algazarra e me concentro em saber a minha localização atual.
Estou prestes a descer e o povo seguirá feliz.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Preciso também



Foi este pensamento que se formou dentro da minha cabeça, quando ouvi você dizer que precisava de algo que fosse, motivador que e perdurasse para seguir em frente e fixar as inalcançáveis raízes da satisfação.
Em contradição, digo em meias palavras que acho que isso não existe, que é algo para nos fazer continuar em frente, uma busca lúdica...
Você diz que não, argumenta o contrário.
Precisamos acreditar.
Eu penso em um Hamister correndo sem sair do lugar...
Muito esforço para pouco benefício.

Penso em um plano B.
Deixo a imaginação vagar em busca de algo prazeroso.
Chego a canção ....
Será que tudo que eu gosto, é ilegal, é imoral ou engorda?
Algo assim...
Os pensamentos se perdem.

Para me movimentar, preciso cortar mais raízes do que achei que teria.
Percebo, o quão limitado sou, por conta dos laços que criei.
Mas nao são eles que nos fortalecem?
Para fraseando o autor, algo como se tornar eternamente responsável pelo que cativa...formando um paradoxo entre cativar....cativeiro.
Quem é refém de quem no fim das contas?
Talvez sejamos reféns de nossas criações e vínculos sociais.
Hamister...correndo, emitindo sons, esguichos, demarcando espaço.
Desentendimento sem propósito.
Gerar riquezas para poucos, enquanto o tempo vai passando fora das grades que habito.
Preciso correr, mas antes, descer do brinquedo que me exercita.
Buscar novos horizontes.
Ou talvez, novas percepções dentro do que já vejo em tons de cinzas e listrado.
Ainda pensando no plano B....

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Essas pessoas...

Enquanto bebia solitariamente ele contraria os lábios e se perguntava com certa frequência, e até mesmo involuntariamente.
Quem são essas pessoas?
O que elas querem além de satisfação pessoal?
Estão sempre em busca de alcançar resolução para os próprios problemas, suas própria ambições distorcidas. No entanto, não se importam nem um pouco com o redor que é afetado no processo.
A pedra que jogada ondula o lago.
Idealizam que se suas próprias necessidades forem satisfeitas, o resto é irrelevante.
Que se dane o próximo.
Goste quem quiser, conviva e aceite, quem achar que consegue.
Entre um trago e outro, se percebia descontente em achar que nutria amizade ou consideração por muitos daqueles que simplesmente não pensavam em mais ninguém além de si.
A masturbação estava sempre presente em tudo, autoflagelo prazeroso que visa apenas um objetivo.
Existem muitos tipos, tantos que é complicado quantificar, depende da mente e dos fatores considerados, mas o sentido é sempre o mesmo, fluir para a convergência.
Jogam a ética pela janela e se sentem certos, protegidos pela razão de uma sociedade doentia, carente de pessoas lúcidas e principalmente sóbrias.
Precisava parar de beber.