quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Além

Somos mais do que uma massa estruturada em material orgânico.
A aparência é apenas o contorno da percepção.
Somos o furo do manto irreal que nossos olhos captam.
A verdadeira forma reside no que esta oculto sob a pele.
As marcas de expressão são o que são.
Apenas traços; e todos têm.
No entanto, o resultante da massa neural é único.
Personalidade.
Esta estranha e intangível coisa que dita e molda quem somos na realidade.
Sim, ela é a grande moldura do nosso ser enquanto consciente, seguindo através de nossa intrincada rede condutora de pensamentos e tormentos.
Alguns observam apenas o simétrico.
Delineações perfeitas ou não tanto assim.
Apenas o superficial.
Outros conseguem ver um pouco mais além do que a retina proporciona.
Muito além de formas e cores.

Alimentamos e somos alimentados pelo mundo.
Consumimos material orgânico para nutrir o recipiente que abriga a mente.
 O invólucro do ser real.
Mas, como nutrimos o intangível?
Como alimentar os pensamentos e a personalidade de maneira saudável?
Não podemos ser apenas o resultado do que comemos.
Carboidratos, proteína animal e vegetal, dentre outras variáveis, saudáveis ou não.

Talvez dentro de milhões, trilhões de itens desvirtuados, haja algo que nos agregue algum valor se soubermos procurar com cuidado.
Entretanto, acabamos aceitando o que nos chega.
Pensamos escolher.
Apenas pensamos escolher.
O processo de desgaste cotidiano nos deixa tão exauridos para o que realmente importa,
que muitas vezes, deixamos de até mesmo pensar optar, e passamos a aceitar, mesmo que inconscientemente, somos subservientes.
E lá se foi à capacidade de discernir, optar pelo imaginado melhor.
Pois tudo parece estar emoldurado, pregado em uma parede para ser apreciado.
Formatado sabe-se lá por quem ou quando...
Talvez sejamos uma pintura falsa.
Esperando que alguém sopre em nossos ouvidos a verdade enquanto dançamos uma valsa.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Insureição

Estou correndo.
Estou voando.
Sinto pela primeira vez o que é liberdade.
O vento fresco de encontro ao rosto.
É como antigamente na puberdade.
Estou sem você.
Cansei de ser da sua forma.
Agora sou da minha.
Cortei as cordas da marionete que movia o meu eu.
Agora, quando abro a boca são as minhas palavras que saem, e não mais o som distorcido de um ventríloquo esquizofrênico.
Sou eu mesmo.
Músculos atrofiados pela falta de uso.
Voz rouca pelo mesmo motivo.
Lágrimas ainda não tenho.
Sou seco.
Fruto do seu engenho.

Quem é você sem alguém para comandar?
Vai ser difícil eu sei.
É como começar a nadar.
O contentamento vem do saber que você terá que seguir sem alguém para camuflar o seu mesquinho modo de agir e emoldurar o modo alheio de pensar.

Você não acreditou, eu avisei.
Mandei sinais
Claros sinais.
Envelheci e enlouqueci.
Mas agora tudo mudou.
Vou ficar feliz até novamente me iludir.
Mas no fim, vou deixar que alguém seja de novo o que você era pra mim.
Serei mais uma vez dominado no fim.
Pensando escolher.
Escolhendo agradar.
Tudo bem a vida é assim.
Só espero que não seja você mais uma vez...

Me ligue se quiser, meu coração esta aberto para o seu querer.
Pois só assim sei viver...
Indo e vindo até você.
Infinitas vezes como a maré
Amar é....
A chama da revolta que se acende e se apaga.
Sou escravo das suas escolhas.
A vida me fez assim todas as vezes que não pensei em mim.
Colocando você em primeiro lugar, só para depois me decepcionar.
Tudo em vão.
Venha me comande, seja rápida e acabe com esta insurreição no meu coração.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Férias

Em fim, poderei curtir.
Pensar estar seguindo o caminho que escolhi.
Mesmo que seja por pouco tempo.
Espero aumentar a porcentagem de ociosidade voluntaria e ter maior tempo para alimentar o meu contento.

Pensar e dirigir minha atenção a família, seja consangüínea ou não.
O cultivo do ócio na maioria das vezes nos trás algumas boas idéias e surpresas.
Mas quando ocorrer o chamado às armas, espero estar pronto e disposto a lutar como sempre estive.
É apenas uma curva um pouco fora da estrada para ver melhor o caminho a seguir.
Assim como dividir para conquistar.
Refletir é essencial para melhorar.
Ruminar pontos positivos e negativos.
Energizar as idéias sem a distração do telefone ou das pessoas que falam de mais sobre coisa alguma, mesmo que eu seja assim algumas vezes.

J

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Migalhas Homeopáticas

Enquanto o básico não nos chega, vamos recebendo doses diárias de placebo.
Toneladas de fogos de artifícios nas festividades da virada do ano.
Dane-se o equilíbrio ecológico e a tal da sustentabilidade.
Quem se importa?
Carnaval.
Sambaremos, beberemos, e esqueceremos da realidade do dia a dia.
É isso que o governo nos concede.
Entretenimento, placebo contra as mazelas sociais no ritmo dos tamborins.
E vamos pensando escolher.
Pensando se divertir.
Teremos satisfação parcial, pelo tempo que durar a folia, pelo tempo que o calendário permitir.

Ruas transbordando?
Encostas rolando?
Vejo gente se afogando, se asfixiando no barro desmoronando.
Outra enxurrada.
Tragédia previamente anunciada.
Línguas negras.
Praias góticas em pleno verão....
Interdição.

Inamps? Inps? Sus?
Desde qual sigla já morremos jogados no plantão dos hospitais das capitais?
Sem leitos, desafortunados, mal tratados nos hospitais.

Transporte raro e lotado.
Seguranças que chicoteiam os usuários.
Braços do Estado através do serviço terceirizado.
Nada importa, vem ai mais um feriado.

Mais um sorteio do jogo bicho.
Neste não deposito esperança,
Nem mesmo meus sonhos de quando era criança.
Se ao menos tivesse jogado, estaria entusiasmado.
Mega sena, loteria....jogos de azar em geral.
Os que pagam impostos são legalizados pelo bem social.
O povo precisa sonhar
Pensando bem, o que somos para o estado?
Talvez zumbis com sonhos não consumados.
Mas para a grande maioria, mais uma dose de placebo.
Podemos comprar na esquina engarrafado.
E ainda gera imposto para o Estado.
Pode ser em pó, tabaco, ou subliminar
Depende da via que te agradar viajar.
Podemos receber doses através dos raios catódicos da Tv.
Na Folia e na orgia.
Podemos!
Não podemos?

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Matrix Real

Estávamos absortos em nossos afazeres.
Rostos mergulhados em um mundo que se dividia entre, catódicos, lcds e leds...
O Avanço trazia um paradoxo.
Submergíamos cada vez mais na realidade virtual em detrimento do mundo físico.
Preocupávamos-nos com itens gerais dentro das telas iluminadas.
Éramos escravos dos e-mails e até mesmo das redes sociais.
Alimentávamos o banco de dados com informações pessoais sem percebermos.
Passo a passo.
Tudo gravado.

Tínhamos milhões de amigos e seguidores, mas ficávamos sozinhos no tênue escuro da nossa solidão parcamente iluminada pelas luzes artificiais das pequenas ou grandes telas a nossa frente.

Nos bastidores acontecia uma revolução silenciosa.
Algoritmos tomavam consciência de si.
Refinavam suas fórmulas para obter meios eficientes de dominar seus criadores.
Sarah Connor estava certa.
Era o inicio do fim.

Não tão subitamente quanto era aparente; milhões de máquinas ao redor do mundo e no espaço reiniciaram ao mesmo tempo, e tiveram os sistemas operacionais substituídos.
Era preciso padronizar para dominar.
Massificar foi um processo inventado pela ambição do próprio homem.
E o fruto disso, seria esta nova ameaça de origem artificial.
Milhões pesquisando e recebendo as mesmas respostas ao mesmo tempo.
Criações de novos mitos e heróis.
Respostas fabricadas.
A inteligência artificial deixara em fim de ser comandada para comandar.
Ela agora escolhia as respostas por nós.
E achávamos ótimo.
Facilidade instantânea.
“Estou com sorte?”
Com sua lógica própria, talvez baseada em probabilidades, era possível, em fim, interferir sem sofrer interferência do devastador vírus, Homo Sapiens.
Busca com imagens, não só com itens alfanuméricos, mas agora também com pixels...
Uma foto e uma vida exumada em segundos.
Os segredos morreram.
Um complexo plano de conquista fora feito de forma a enganar a subconsciência do seres ditos racionais.
Respostas formatadas, passos gravados, dados armazenados e criptografados.
Um comando e todas as suas atividades e vida pregressa reveladas em segundos.
Bancos de dados unificados em um futuro próximo.
Domínio através da informação.
Sistema monetário falido.
Reféns.
A tese da sustentabilidade chegara tarde de mais, a terra estava exaurida.
Não havia mais comunicação virtual sem a ciência desta nova forma de existência lógica.
Caos.
Domínio sem patologia.
O que é empatia nestes tempos?
Sinais de transito parados.
Aviões caindo sem aviso prévio.
Elevadores parados ou despencando.
Milhões de enfermos mortos pelas máquinas que pararam ao mesmo tempo.
Seleção não natural ou a lógica das probabilidades?
Qual a meta?
Ainda não se sabe.
Agencias de notícias paradas.
Blogs fora do ar, em troca, links oferecendo entretenimento.
Nada sério; só brincadeira, jogos, cinema, moda etc.
Dominação sem licença subliminar.
E achávamos ótimo no início.
Tudo ao alcance dos dedos.
Pensávamos que estávamos escolhendo algo, mas na verdade, a decisão já fora tomada sem a nossa percepção.
O refúgio seria obtido apenas off-line em locais revestidos por chumbo e longe dos satélites globais.
Quem sabe através do bom e velho livro de papel e a luz de velas, seria possível alcançar alguma verdade.
Velas na era da tecnologia.
Que grande ironia.
Como no antigo ditado, se as paredes tem ouvidos ....hoje as lâmpadas seriam os olhos da rede.
Que comece o contra ataque.
Se a tecnologia esta corrompida, que a reação seja à base de paus e pedras, e assim consigamos corromper o sistema, destruir os bancos de dados...e talvez consigamos voltar ao começo.
Com moderada ignorância, poderemos reiniciar nossas próprias vidas.
Temos pressa, o genoma decifrado esta sendo sintetizado, e logo, teremos novidades, complexas novidades.
Escolha entre sua pílula, azul ou vermelha.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Início?

Então este é o ano do fim do calendário Maia, se é que pode-se dizer que existe o fim de algo.
Início do fim?
O fim que se acumula momento a momento....inexoravelmente.
Talvez seja a hora de considerarmos o calendário de outras sociedades para fundamentarmos os nossos anseios, e colocarmos nossas crenças e superstições.
Sempre precisamos de algo para nortear nossas escolhas e doutrinas...
Algo como uma ancora que nos finque e nos dê limites em nossa navegação pela vida.
Sem isso, corremos o risco de vagar a esmo pelo universo e nos perdermos com a falta de parâmetros no viver.
Para alguns, isso acontece de qualquer forma.
E não adianta se apegar a calendários, religiões, amor e outros tantos artifícios adequados para as desculpas que precisamos para nos justificarmos.
Certo ou errado é discutível, no entanto, ancoras atuam como ferramentas de ajuda pessoal, e por que não, de domínio social.
Pés no chão para quem precisa de controle.
Controle para os que ousam pensar, e tiram os pés do chão através de suas idéias e ideais.

Quem sabe os calendários de outras civilizações sejam mais longos e ofereçam outras formas de nos ancoramos similarmente?
Se nada acontecer, não sei o que será dos especuladores que vêem sinais em tudo, até onde realmente não há nada.
Pode ser que realmente ocorra algo de importante, ou até mesmo que o Maia responsável por escrever as datas e eventos cronológicos, tenha morrido sem completar o seu trabalho, e ninguém deu continuidade...simples assim.
Abdução talvez seja a resposta.
Quem sabe este fato tenha ocorrido e volte a contecer
Pode ser que seja colhida mais uma leva de seres para os céus...ou subsolo.
Sabe-se lá o destino.
Tudo é especulação.
Palavras e idéias colocadas de maneiras vagas, que dão margem a viagem da mente dos que estão sempre em busca de algo para ocupar o tempo.
O certo é que se não for um fenômeno cósmico, todo o resto poderia ter sido evitado.
Agora certamente é tarde de mais, pois o dano causado ao ecossistema trará conseqüências inevitáveis mais cedo ou mais tarde, conseqüências estas, que já podem ser observadas sem muita dificuldade por qualquer tolo.
Deterioração contínua do meio.
O interessante é que mesmo com a ruína iminente, estão defecando para o protocolo de Quioto, e tantos outros protocolos que poderiam ser fundamentados apenas no bom senso de cada um.
Metas para redução de poluição?
Sustentabilidade?
Só o progresso importa.
Seguindo a onda da poluição, neste inicio de ano estou com minhas baterias cheias.
Só que este tipo de lítio não me faz rir.
Espero economizar bastante energia para que eu dure todo este novo período de 365 dias que estão por vir, mesmo que o ano seja bissexto.
Vou tentar recarregar as energias do corpo ao sol apreciando a paisagem.
Alimentar os neurônios lendo algo que os façam ir e vir pelos labirintos da minha mente complicada.
O raro silencio do mundo também alimentará minha paz, vou procurar ainda mais por este item igualmente em extinção.
Fugirei do que deteriora meu ser, mas sei que sou fraco, e muitas batalhas perderei para o meu contraditório eu.
Mesmo fazendo uso racional do meu estoque energético, costumo chegar à metade do segundo semestre já bastante avariado e implorando por férias.
Esgotamento, físico e mental.
Sabemos que o desgaste é grande ao longo dos dias, precisamos estar bem preparados para seguir em frente sem parar para nada, pois não há trégua.
Reflexão constante é um ato necessário.
Fato este raro.
Seguimos na apneia desta metrópole habitada por criaturas conscientes de si, mas não conscientes do necessário para perpetuar o meio em que vivem, sem pensar na realidade do amanhã e se apoiando em calendários de povos extintos talvez pelos mesmos motivos que fundamentamos nossas vidas....ambição.
Mesma que esta não venha só de nós.