Alguns
acreditam que somos nossos próprios algozes.
Cometemos
nossos atos falhos e deterioramos a nossa existência física e mental.
Deixamos um
rastro que nos denuncia de maneira fatal, na falácia comportamental.
Seguimos em
uma rota de continuo suicídio.
Pouco a
pouco, o tempo e nossas atitudes se encarregam por si só de esgotar toda a
energia vital que carregamos.
Este é um
fator natural, claro que sim, mas cuidadosamente promovemos a aceleração do
fim.
A oxidação
da carne, o colapso dos pensamentos.
O corpo se
esvai, como areia em uma ampulheta.
Os pensamentos se tornam confusos ao
percebemos que nossas exigências são irrelevantes a sobrevivência e a natureza
da vida.
Exigimos de
mais contribuímos com muito pouco.
Muitas vezes
morremos coletivamente, comemos, tragamos, bebemos, alimentamos pensamentos que
negamos.
Por fim,
sintetizamos o veneno que nos enfraquece.
Tecemos
nossa própria teia de verdades escolhidas e mentiras inventadas, talvez não
nesta ordem necessariamente.
Cada um tem
sua própria forma de se deixar levar, e por mais que tenhamos companhia para
por em prática nossos desejos caóticos de viver e deixar de viver,
invariavelmente estaremos sozinhos nos principais momentos de nossas angustias.
Somos
solitários, tudo que nos chega à rotina, pertence apenas a nós mesmos.
Pensamos
compartilhar, mas no fundo, estamos sós.
E no
labirinto de nossos pensamentos morremos muitas, e muitas vezes, nos permitindo
sorver o doce sabor da auto transgressão sozinhos na multidão.
Seguimos nos
embriagando com o néctar de viver, e paradoxalmente nos entregamos ao gosto
amargo das decepções, nossas e deles.
Boicotamos a
nós mesmos em um grau subconsciente.
Por diversas
vezes, soube antecipadamente que faria algo de errado ou deixaria de fazer algo
de certo, e simplesmente ignorava o tic tac da bomba armada no meu interior
psicológico.
Só depois do
estrago, caio em si, e percebo o quão idiota sou.
Desperdiço o
poder de ignorar aos meus tênues apelos, soterrados nos confins da minha
consciência autônoma.
A lei diz
que temos o direito de ficar calados, mas no impulso, fazemos justamente o
contrário.
Vez por
outra, destrutivamente tentamos puxar as rédeas da vivencia, tentamos nos
rebelar, decidir que rumo destino deve seguir, ai percebemos o quão longe de
qualquer controle nossa vida insiste a prosseguir.