sábado, 5 de maio de 2012

Morte Homeopática


Alguns acreditam que somos nossos próprios algozes.
Cometemos nossos atos falhos e deterioramos a nossa existência física e mental.
Deixamos um rastro que nos denuncia de maneira fatal, na falácia comportamental.
Seguimos em uma rota de continuo suicídio.
Pouco a pouco, o tempo e nossas atitudes se encarregam por si só de esgotar toda a energia vital que carregamos.
Este é um fator natural, claro que sim, mas cuidadosamente promovemos a aceleração do fim.
A oxidação da carne, o colapso dos pensamentos.
O corpo se esvai, como areia em uma ampulheta.
Os pensamentos se tornam confusos ao percebemos que nossas exigências são irrelevantes a sobrevivência e a natureza da vida.
Exigimos de mais contribuímos com muito pouco.
Muitas vezes morremos coletivamente, comemos, tragamos, bebemos, alimentamos pensamentos que negamos.
Por fim, sintetizamos o veneno que nos enfraquece.
Tecemos nossa própria teia de verdades escolhidas e mentiras inventadas, talvez não nesta ordem necessariamente.
Cada um tem sua própria forma de se deixar levar, e por mais que tenhamos companhia para por em prática nossos desejos caóticos de viver e deixar de viver, invariavelmente estaremos sozinhos nos principais momentos de nossas angustias.
Somos solitários, tudo que nos chega à rotina, pertence apenas a nós mesmos.
Pensamos compartilhar, mas no fundo, estamos sós. 
E no labirinto de nossos pensamentos morremos muitas, e muitas vezes, nos permitindo sorver o doce sabor da auto transgressão sozinhos na multidão.
Seguimos nos embriagando com o néctar de viver, e paradoxalmente nos entregamos ao gosto amargo das decepções, nossas e deles.
Boicotamos a nós mesmos em um grau subconsciente.
Por diversas vezes, soube antecipadamente que faria algo de errado ou deixaria de fazer algo de certo, e simplesmente ignorava o tic tac da bomba armada no meu interior psicológico.
Só depois do estrago, caio em si, e percebo o quão idiota sou.
Desperdiço o poder de ignorar aos meus tênues apelos, soterrados nos confins da minha consciência autônoma.
A lei diz que temos o direito de ficar calados, mas no impulso, fazemos justamente o contrário.
Vez por outra, destrutivamente tentamos puxar as rédeas da vivencia, tentamos nos rebelar, decidir que rumo destino deve seguir, ai percebemos o quão longe de qualquer controle nossa vida insiste a prosseguir.