sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Angina - O retorno?

De sua consciente ausência ela emergiu mais uma vez.
Corpo presente mente longe, olhar vago em uma dimensão distante e intangível;
No entanto, repleto de valores que considera com importantes e que estão em falta aqui no mundo físico.
Palavras soltas, contexto não considerado, respeito perpetuado.
Em seu desgaste mental, não queria mais ser subserviente a nenhum mortal.
Nada de destinar a esforços mentais para nutrir a outros que perpetuam o disperdício.
Em sua viagem, ela optou por se exilar das conhecidas mazelas do mundo.
A literatura deu o suporte necessário, para a sua forma de recarregar as extenuadas baterias neurais, enquanto seu corpo respondia apenas autonomamente aos estímulos externos quando fosse solicitado, se fosse solicitado.
Gestos de um ator; um personagem que interpreta pedidos com ausência de significado.
Muitos acharam estranho aquele comportamento.
Polido de mais, diferente de mais, o que aconteceu com ela?
Momentaneamente Angina desistiu desta inglória luta, sabendo de antemão que nada é para sempre.
Já diziam os grandes, "recuo estratégico".
Mas o tic tac continuava brandamente em seu interior, suas expressões não revelavam a tempestade que se seguia atrás dos olhos inexpressivos.
Em uma vivencia repleta de paliativos, alguns sons não são percebidos até que seja tarde de mais.
Estava muito cansada da falta de reconhecimento de uma forma geral, e principalmente da forma robótica que estava tomando as obrigações no trabalho.
As ideias tinham que ser autenticas, mas a aplicação e a manutenção deveriam ser sempre automatizadas e os créditos, nao eram devidamente atribuídos...
Era a batalha paradoxal do dia a dia, novas ideias, velhas formas de se executar as ações.
E sempre a mesma desvalorização.
Na maioria das vezes, o conteúdo dos relatórios, só eram combustível para alimentar outros.
Ladrões em escala imensurável com ambições do mal ainda assim crescente.
Caules que drenavam tanto do solo, quanto das folhas, os nutrientes para se manter de pé...
Mas ainda não era possível cortar as raízes, não definitivamente. Apenas era possível se tornar furtiva a cada apneia que se submetida voluntariamente.
Dentro do contexto literário, ela podia viver todas as nuances, torcer pelo melhor fim, ou pela derrota do vilão, ou até mesmo pela vitória, já que sempre há algo de bom à se extrair de alguém que defende uma causa.
Ela acredita que ainda há nobreza, em fim, mas que a corrupção nubla o objetivo inicial e tudo se perde no caminho na maioria das vezes.
Em sua imaginação, era possível conhecer a todo o momento vários lugares do mundo, e com isso, aumentava cada vez mais a sua certeza ao retornar a realidade.
A existência de um modo geral não era nada mais do que pura ficção.
Então tudo se fundia, éramos literalmente personagens repletos de segredos, angustias e verdades que só cabiam a nós vivenciar.
Nossas expressões eram como mímicas...
Ela não via saída, não tinha tendências suicidas, apenas vontade de desistir; mas isso de certa forma não seria um advento da morte?
Angina não sabe, assim como todos nós, o que o futuro reserva, mas o tic tac enlouquecedor persiste...e há momentos que ele é mais forte que sua vontade ou da nossa...

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