sexta-feira, 18 de março de 2011

SOCIEDADE CINZA.

Saiu decidido a ir para casa.
Na interseção olhou diretamente para a esquina transversal.
Viu as pessoas rumando em direções diferentes em busca de seus próprios ideais.
Não podia fazer nada se as decisões alheias nao lhe cabiam o direito de escolha.

Pensou em como as pessoas estão abstratas e escurecidas.
Pregam algo e seguem o oposto em suas ações.

Amam destrutivamente a si e ao objeto de seu desejo.

Refletiu rapidamente sobre as batalhas ao longo da vida.
Percebeu que não havia justiça.
Imaginou sua imagem desgastada pelos embates ao longo do tempo em um espelho turvo.
Nao queria mais lutar, o convencimento era uma ferramenta a muito deixada de lado.

Fora rotulado por outros, talvez injustamente por detalhes que por toda a vida lutara contra.
E o sabor era amargo.

Respirou profundamente, e achou tudo sem sentido ao dar-se conta que havia uma enorme contradição, mas, ao perceber que nao era só sua, permitiu-se relaxar.

Os outros tinham personagens cuidadosamente projetados para não transparecer o real ser por trás dos atos perpetrados, nunca se expunham de verdade, mantinham a distancia e a guarda sempre alta.

Haviam também os que pregavam sobre o gostar, e o querer bem, mas não conseguiam ou não queriam enquadrar o que sentiam ao contexto correto.
No entanto, quando se tratava de julgar outras pessoas e sentimentos, o enquadramento era facil.
Rotulavam a revelia as atidutes e palavras, mas ao falar de si, nao conseguiam definir os próprios sentimentos ou falavam que nao foi como previsto.

Quando quiser saber quem o outro é, coloque os sapatos dele sem meias, é como se vestir do corpo alheio e ver por outros olhos, do contrário, é só exercício de abstração.

As pessoas decidem algo, mas parececem carecer de convencimento para ter certeza.

Convencer nao estava entre suas prioridades, já havia pensado nisso antes.
Fez o possivel, mas, nao extrapolaria o limite do respeito pelas decisões previamente tomadas por outras pessoas.

Segundo algumas teorias, o que nao se percebe, tende a ser destruido quando nao possuído, ou pode ser qualquer coisa quando se perde o sentido de ser, ou quando o controle se esvai.

O excesso de informação e emoções nublam o bom senso.

Que lógica pode resultar quando nos auto canonizamos em relação aos demais?
Não seríamos iguais perante as leis eteriais que regem a sociedade, sejam elas, religiosas, jurídicas ou até mesmo racionais?

Teoria é o que temos, na realidade, nos protegemos, nos colocamos acima de tudo e de todos quando o que esta em jogo é a auto imagem.

Por que sem a Armadura somos frágeis e nenhuma pelicula nos protege.

Quando se trata de amor, certos conceitos podem figurar em segundo plano, é melhor ter o objeto de atração perto do que a alcance nenhum. Desde que isso nao lhe agrida, desde que se tenha respeito mútuo.
Ser for assim, devemos respeitar.

Ele seguiu então seu rumo, fechou os olhos e decidiu concentrar seus pensamentos transcendentes em outra direção, já que as idéias inicialmente propostas estavam e continuavam a ser alimentadas por um outro alguém.
A continuidade tinha que ser mantida, e a apoderação era um mero delalhe do que havia sido proposto inicialmente.
A sua ideia inicial se foi, pensou no aluguel das horas que vendia diariamente, na evolução contrária e lhe surgiu um sorriso no rosto.

Tudo era abstrado e nao havia certeza nem coerencia nos fatos, tão pouco nos pensamentos que passava por sua mente enquanto seguia seu caminho.
No entanto, perdurava em seu coração o fato de que a verdade nao pertence a ninguém.