sexta-feira, 8 de julho de 2011

Estilhaços

Então fica sempre a mesma sensação.
O vazio consumindo e deteriorando as edificações.
As fachadas caem e recebem novos embolsos todos os dias a todo o momento.
São como maquiagens para manter de pé construções que não podem cair jamais, pois delas dependem varias criaturas.
Uma imensa cadeia onde tanto a estrutura quanto os viventes se interdependem.

Uma vida inteira dedicada a não compreensão.
O Amor que deveria ramificar se fecha gradualmente como uma flor congelada, e que não desabrochará jamais.
Se queima pelo tempo cronológico, pelo calor e o frio.
Faltam condições ideais para florescer, frutificar.

Seguimos nossas vidas imitando a natureza, afinal, somos parte dela.
Somos uma imagem turva do potencial de tudo que poderíamos ser e não conseguimos alcançar, talvez por medo.
Um reflexo do viver em um espelho rachado pelo ego.
Depositamos em nossos filhos uma responsabilidade maior do que podemos suportar e os tornamos os elos das correntes que nos prendem ao solo, como as raízes de flores que não floresceram plenamente.

O solo que te alimenta também te leva pouco a pouco ao colapso, te puxa para baixo exercendo inexoravelmente o poder da gravidade.
Neste caso, o solo deveria ser o amor incondicional, a parte maior de tudo, e que sem dúvida deveria cobrir a terra oferecendo condições para a vida em sua totalidade....
Algumas vezes assim como o solo, o amor se deteriora e se percebe contaminado.
É preciso coragem para admitir e iniciar um vasto processo de purificação.

Sair da entropia.

As idéias e as ideais ficam esfumaçados e não conseguimos ver um ao outro através da densa camada que camufla nossas formas reais.
Estamos transfigurados pelo circo do horror que absorvermos através da nossa retina.
Ficamos frios e embrutecidos, estáticos como um vegetal.
A vida pulsa, mas a expressão dela é singela.
É preciso sensibilidade para perceber certas formas de amor.

E seguimos vivemos dia a dia a destruição de nossas vidas sem saber ao certo o que fazer para reverter o processo.
Os anos passam, renovações vêem e vão, e permanecemos a deriva na atmosfera a mercê do tempo embora presos ao solo paradoxalmente.

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