sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tempo

Aliado ou inimigo?
Sempre seguindo em frente independente do nosso querer.
Conceitos mundanos não são aplicados a esta força natural, não há o bem ou o mal.
És senhor de si.
Irrefreável, constante, oprime e conforta através do seu próprio nome.
Só o que importa é a continuidade.
Seguirá jogando-nos para trás com sua inércia avassaladora.
Sempre em uma só direção.

Em raramente, desejo poder retroceder.
No entanto, quase sempre, o que me acomete realmente é a possibilidade de paralisá-lo.
E desfrutar da estática trazida pelo mundo congelado.
Gostaria muito de ter a disponibilidade para tudo que minha alma anseia.
Dar a devida atenção que o redor merece sem pular detalhes.
Tempo para o tudo.
Tempo para o nada.
Tempo para apreciar de verdade todas as possibilidades que passam por nós tão rapidamente, que nem percebemos o quanto desperdiçamos continuamente.
Continuidade é só o que importa no contexto dele.
Nós é que ficaremos para trás.
Talvez a história nem faça referencia a nós.
Talvez ironicamente sejamos apagados pelo próprio tempo.
Se o tivesse ao meu lado, poderia recobrar as energias, dormir as horas que devo a mim mesmo, ajustar alguns pensamentos.

Reaprenderia algumas coisas que esqueci ao longo do caminho da vivencia.
Em fim, ser mais pleno na arte de existir.

Poderia simplesmente ler um bom livro ou vários.
Curtir a brisa.
Apreciar a paisagem
Amar com mais calma, sem a urgência de viver cada minuto como se fosse o último.
Poderia ser mais tolerante e paciente, afinal teria a eternidade.

Se quisermos realmente vivenciar cada momento, devemos levar a vida tão a sério?

Caminhar sem direção, sem pressa, apenas para admirar os detalhes da criação, o verde infinito do horizonte oceânico, o resplendor do azul celeste salpicado ou não de nuvens brancas.
Entender a beleza refletida na contração das íris alheias a cada percepção que temos do que nos rodeia, seja etéreo ou físico.
Tempo, quanto dele nos resta?
Quanto do que nos cabe, poderemos doar um para o outro?

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