quarta-feira, 22 de junho de 2011

Anarquizando de leve.

Pego a condução ao amanhecer.
Leio por alguns minutos.
Estou muito cansado, e o dia só esta começando.
Transito por alguns quilômetros.
Fecho o livro e fecho os olhos.
Percebo então pelas minhas pálpebras cerradas, os raios de sol me alcançando.
A luz se torna suavemente vermelha através da pele.
Sutilmente aquecendo o sangue com o calor dos raios do sol nascente.
Mantenho os olhos fechados, não quero ver o horizonte alaranjado.
Sei que o astro maior esta lá reinando supremo sobre o horizonte distante.
Mas, simplesmente não quero encará-lo.
Posso me privar de observar, me fechar para o mundo, das mais variadas formas, mas nada vai mudar o fato de as coisas seguirem seu caminho indiferente a minha interferência, ao meu querer muitas vezes cegamente ego centrista.
O mundo não me pertence, não tenho o poder de gerir os acontecimentos, não importa a força que eu faça, não importa o meu empenho, nada importa de fato.
Não há poder no convencimento.
Não há amor natural que precise ser argumentado, pois o maior poder dele deriva da capacidade de crescer regado naturalmente, e o florescimento pleno vem com certeza da admiração que sentimos do objeto amado.

Sigo de olhos fechados sacolejando levemente.
O som dos carros e das pessoas é insuportável.
Concentro-me e tento desligar minha percepção ainda mais de tudo e de todos.
Dane-se os poderes constituídos, dane-se os que vivem em desamor e fincam sua atenção e amenidades mundanas que não modificam a vida de ninguém...alteram no máximo a aparência...

De que vale importar-se?

O poder da verdade é imutável, e me assombra sempre que o mundo tenta me modificar e eu permito mesmo que minimamente.
Não posso mentir pra mim mesmo.
Não posso me alienar, não consigo ser indiferente aos estímulos que recebo.
Sou bom, sou mal, sou resultante da minha percepção muitas vezes turva.
Relutante olho de esguelha para a esquerda e lá esta ele e aqui estou eu.
Dou um leve sorriso.
Retomo minha a leitura e sigo em frente até o meu destino.

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