quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A PRIVADA COMO DIFERENCIADOR DE SERES

     Foi um troço muito estranho que senti, quando baixaram as correntes e as pessoas todas seguiram rumo ao mesmo objetivo: entrar na barca. Era fato que eram muitas pessoas e que todos estavam cansados. Assim como  também era fato que todos, sem exceção, gostariam de seguir a viagem maritima sentados. Mas veja bem... quando as correntes baixaram, a imagem que se formou adiante era de porteiras se abrindo e bois desgovernados fugindo correndo, fora de controle. Talvez essa imagem tenha se formado na minha cabeça devido a meu estado momentaneo paradoxal de estar em pleno horário de rush calçando havaianas e ouvindo musica leve - voltando para casa submersa em meu coma musical. Pode ser... a minha volta eu não escutava nada que acontecia senão a suavidade da música que estava ouvindo. Imagino que por isso mesmo me pus atenta a observar como quem vê de longe o desenvolver dos acontecimentos e o comportamento das pessoas. O comportamento humano. E não pude deixar de achar - lá, no meio da manada, sendo empurrada e massacrada enquanto a música me abstraía para qualquer lugar longe dali - que por tão pouco o ser humano se aproxima da condição animal. Por meio de pequenos laços, meras e simples ligações, atitudes, há uma linha tênue entre a condição humana e a animal. Tanto para quem massacra, quanto para quem é massacrado. E parece então até redundante dizer que vivemos 24h por dia (ou pelo menos deveríamos) tentando a todo custo nos afastar da condição animal. O que me fez lembrar um artigo louco sobre psicologia que li tempos atrás que dizia que o que a privada teria sido inventada para afastar o ser humano da condição de animal... veja bem... a privada... serve para que a educação então? A boa índole? A tolerância?
     Ali, esmagada no meio das pessoas junto com idosos, grávidas, crianças assustadas, mantive a calma por conta da música que ouvia... radiohead... radiohead... no entanto, a visualização a qual me era promovida fazia saltar a mente os questionamentos. Fiquei observando, observando, calmamente enquanto tentava respirar as pessoas correndo, os olhares repressores, os empurrões, a raiva, a ausência da alma. E pensando que para muitos, o que lhes difere da condição animal infelizmente é apenas a privada mesmo.

5 comentários:

  1. "E pensando que para muitos, o que lhes difere da condição animal infelizmente é apenas a privada mesmo."
    Não se preocupe.. depois piora!!!
    O jeito é ouvir música mesmo e levar alguns protetores para joelhos, rosto....

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  2. Excelente! É incrível como as barcas - leia-se truculências urbanas da hora do rush, rs - nos força sempre a refletir! Mto Bom!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. como disse o profeta ze ramalho eeee ooo vida de gado povo marcado ee e povo feliz.

    Gostaria de ver o povo lutando como os nossos antigos jovem que com coragem já revolucionaram
    o nosso Brasil e assim os gonvernantes não estariam a tuando com tanto desrespeito ao povo
    Porque a barca e uma empresa estadual que foi privatizada por que nós o povo simplesmente aceitamos

    Como temos aceitado todo discaso dos politicos que só trabalham em beneficio proprio.

    Lamentavel ter que ser tartado como animais quando somos o brasso de desenvolvimento de um pais chamado BRASIL

    Beto Santo

    Usando a conta do mano Magrinho.

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  5. boa, mister Beto Santos! comparecendo e comentando no blog! valeu mesmo.
    òtimas palavras, só quem pega a barca sabe... rsss

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