domingo, 23 de janeiro de 2011

EM CONTINUIDADE, ANALISANDO E DESVENDANDO...

Contribuindo com o debate, vamos a  Erich Fromm e o livro "A Arte de Amar". Seguem 2 trechos que falam por si:

“… a principal condição para realização do amor é a superação do narcisismo. A orientação narcisista é aquela em que só se experimenta como real o que existe dentro da pessoa, ao passo que os fenômenos do mundo exterior não têm realidade em si mesmos, mas são experimentados somente do ponto de vista de serem úteis ou perigosos. O pólo oposto ao narcisismo é a objetividade; é a faculdade de ver pessoas e coisas tais como são, objetivamente, e a capacidade de separar esta imagem objetiva de uma imagem formada pelos desejos e temores que se tenham. Todas as formas de psicose mostram a incapacidade de ser objetivo, em extremo grau. Para a pessoa insana, a única realidade que existe está dentro dela, é a de seus temores e desejos”.

Aos que julgam frios os que apenas se intitulam objetivos, um interessante conceito... o julgamento de frieza viria então do medo? Na certa, da falta de objetividade ao encarar o outro não como o que realmente é, mas como se desejaria que ele fosse. Me pergunto por que tanto medo de defeitos alheios, se somos pois todos bem e mal, bonito e feio, qualidades e defeitos, yin e yang?? O medo de encarar o outro viria então do medo de encararmos a nós próprios?
E dando sequência:

"...O amor só é possível se duas pessoas se comunicam mutuamente a partir do centro de suas existências e, portanto, se cada uma se experimenta a partir do centro de sua própria existência. Só nesta "experiência central" existe realidade humana, só aí há vivacidade, só ai está a base do amor. Assim experimentado, o amor é um desafio constante; não é um lugar de repouso, mas é mover-se, crescer, trabalhar juntamente; haja harmonia ou conflito, alegria ou tristeza, isso é secundário em relação ao fato fundamental de que duas pessoas se experimentam mutuamente a partir da essência de sua existência, que são uma com a outra por serem uma consigo mesmas, em vez de fugir de si mesmas. Só há uma prova da presença do amor: a profundidade da relação e a vivacidade e o vigor em cada pessoa envolvida; este é o fruto pelo qual o amor é reconhecido..."

Portanto, antes de se "querer" amar há  primeiro que se conhecer a si mesmo em essência. O que é o maior complicador partindo-se do princípio de que o que ocorre na maioria das vezes é que as pessoas de fato não se conhecem... Penso então que seguindo a lógica de Erich Fromm, desprender-se e perder o medo de si próprio seriam então a forma mais ampla de se conseguir amar de dentro para fora, sem narcisismos, quebra e mudança de realidades, e endeusamento da pessoa amada  no intuito de não cair na armadilha de fundar-se não no que a pessoa é de fato, mas no que se desejaria que ela fosse.

Um comentário:

  1. O problema está em ter coragem de se auto-analisar pra, então, se conhecer. A maioria das pessoas nao quer passar por isso porque, convenhamos, é um processo doloroso esse de auto-conhecimento. Assim sendo, tendemos a projetar em outrem nossa necessidade de perfeição e salvação. Tende-se a ver o outro como alguém que trará felicidade plena, quase um heroi romantico.

    O problema é que nunca ninguém será capaz de fazer o outro feliz. Não é justo jogar tamanha responsabilidade sobre alguém. Nós temos de encontrar nosso proprio equilibrio e felicidade e, então, compartilhar de nós mesmos com alguém que amamos.

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