sexta-feira, 15 de abril de 2011

CONSTRITOR

Carregou dois sacos de gelo para a antiga banheira.
Postou o conteúdo das embalagens juntamente com a água que preenchia metade do recipiente.

Despiu-se, olhou para o interior durante alguns minutos
Tinha significativas olheiras de panda em sua face.
Pensou no efeito do gelo em suas partes intimas.
Sentiu calafrios, com o prenuncio do que iria fazer.
Colocou um dos pés na água em seguida o outro.
Dormência.
Mergulhou todo o corpo de uma vez e deixou apenas o nariz para fora.
O coração gritou e bateu ainda mais forte, clamando pelo calor ambiente.

Ignorou os efeitos iniciais e concentrou-se em uma tela branca.
Não queria fixar os pensamentos em nada, somente no branco, no vazio.
Liberou a mente dos pensamentos que o atormentavam.
Sentiu suas veias rejeitarem a temperatura, mas em seguida estabilizou-se.
Resistiria.
Em segundos seu corpo tendeu a reagir negativamente.
Espasmos e mais espasmos...
O clamor era desesperador, necessitava a qualquer custo sair dali, no entanto, manter-se ia o quanto fosse capaz.
A hipotermia já era quase que absoluta e não havia alternativa, sendo assim, lançou-se para fora.
Tremia incontrolavelmente, seus braços pareciam epiléticos, precisava de uma toalha e uma dose de vinho, estava vivo, muito mais do que antes.

Percebeu então que ainda não estava pronto, precisava de outros ensaios até definir a melhor forma de cumprir seu intento destrutivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário