quarta-feira, 6 de abril de 2011

Silencio no Limbo

Sigo em direção ao carrossel.
Percebo então a similaridade dele com a vida.
Rodamos mais rapidamente ou mais vagarosamente, no entanto, sempre passamos pelos mesmos pontos, mudam os cenários, mas as questões são sempre as mesmas.

Escrevo palavras em letras grandes em uma folha em branco.
Escrevemos a vida em um futuro em branco.

Estariam todos os acontecimentos previamente definidos antes mesmo de cada passo?

Colo a folha com as palavras em um poste próximo.
Percebo que não sei que palavras foram escritas por mim.
Subo no carrossel.
Fixo o olhar na folha e o carrossel gira.

Aos poucos a rotação aumenta.

O foco do meu olhar é perdido
Não vejo nada além de borrões.
A leitura é impossível.
Tudo se perde a medida que o tempo e a velocidade do giro aumentam.

Como na vida, o objetivo primário se perde ao avançarmos.
O destino é incerto, e as palavras ditas ou escritas no início se perdem no contexto mundano.
A importância inicial é questionada, sua própria importância é subjetiva, irrelevante.
Esforçamos-nos, mas somos menos do que nada.

A inércia quer me jogar para fora do carrossel.
Apego-me ao que consigo.
Não posso me deixar ser arremessado.
Não é o momento, ainda não...

Minhas mãos estão cansadas e pouco a pouco cedem à força dispersiva.

Vôo para o vácuo.
A sensação é como mergulhar em águas cristalinas.
Imerso o mundo parece turvo lá fora.
Antes também era assim, nunca foi possível ver nada claramente.
Mas, agora é diferente.
Os sentidos estão em uma espécie de dormência.
É Silencioso.

A luz acima parece um caminho natural a ser seguido.
Mas se isso é morrer, por que percebo a escuridão a minha volta?
Oprimindo-me à medida que o ar se esgota.
Meu peito dói estou arrítmico.
Busco desesperadamente a luz, mas o que me alcança é o breu, e o que eu ouço é o silêncio, o eterno nada.
Volto à posição fetal e a consciência se esvai.
Para sempre.

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